Sarau Lítero-Musical Ágora: abril 2009

Torquato Neto

Sempre andei por um caminho
Que não conhecia bem;
Sequer me lembro se vinha
Sozinha, ou se com alguém
E nem sei se aqui chegada
Faço morada, me aquieto
Pois é certo que procuro
Algo que deve nadar perto:
Mas o que vejo é incerto
E o que consigo não dura.
(Eu sempre quis outra vida
Eu sempre quis ser feliz,
Por isso naquele tempo
Fiz minha mala e parti)
Sempre andei por um caminho
Que não sabia direito;
Do que perdi na viagem
Já me esqueci por completo
Não guardei nada e o que trouxe
Eram apenas utensílios
De fácil desprendimento:
Dois filhos que nunca tive
Um velho anel de família
E uma saudade no peito.
(Eu sempre quis outra vida
Eu sempre quis ser feliz:
Dos dois filhos, da saudade
E até do anel me desfiz).
Sempre andei por um caminho
Que não tem ponto final
E a paisagem que eu via
Era toda e sempre igual:
Depois da noite outro dia
Com suas mesmas desgraças,
Mas também algumas casas
Com jantar posto na mesa.
Agora:

EU SEMPRE QUIS SER CONTENTE
E PODE SER QUE EU SEJA.

Homenagem a Lena Rios, por Kenard Kruel

Lena Rios nasceu sob o signo de Leão, no dia 16 de agosto de 1950, no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina, sob os cuidados do competente ginecologista Dr. Antônio Tito coelho Castello Branco. Seu aniversário coincide com o aniversário de Teresina, o que a deixa muito feliz porque a cidade fica toda em festa, do jeito que ela gosta.(...)

No dia 4 de 1971, a revista Amiga, sob o título Lena Rios: Piauí para a Vila Isabel, informa que ela estava gravando um compacto duplo, na gravadora Stylo, de propriedadePeter Keller, com arranjos e direção artística de Luís Claúdio, integrante do Brazuca, formado por Luís Claúdio (bateria), Luizão (baixo), Paulinho (bateria) e AntônioAdolfo (cantor, pianista e dono do conjunto) trazendo faixas como o Baião Calu, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, com uma roupagem totalmente nova, Confiança, de Jorge Ben, e duas músicas de sua altoria - Ao som do meu violão e Não acredito, em parceria com João de Deus.(...)

Em 1972, porém, Jairo Pires, diretor da Polydor (selo popular da Philips) produz o compacto simples Revendo Amigos - ou Volto pra Curtir, com Revendo Amigos e Caindo na Pândega, ambos de Jards Macalé e Waly Sailormoon. Ainda em 1972, saiu, pela Philips, o compacto duplo Sem Essa Aranha, com Garanto (Luís Melodia, Célio e José), Eu sou eu, nicurí é o diabo (Raul Seixas), Verão Estrelado (Hyhdon e Mazola) e Sem Essa Aranha (Torqualto Neto e Carlos Gavão).(...)

A Philips lançou o LP o Melhor da Música Popular Brasileira, dele fazendo parte, entre outros, Elis Regina, Maria Bethânia, Chico Buarque, MPB 4, Gal Costa, Baden Powell e Lena Rios.(...)

Fez shows, participou de vários festivais, dentre eles o VII Festival Internacional da Canção, realizado em setembro de 1972, no Maracanãnzinho, quando defendeu, com os Lobos, um conjunto de Londrina, “Eu Sou eu, Nicurí é o Diabo”, de Raul Seixas, ficando em 3º lugar entre os 20 nas eliminatórias e, nas finais, entre as três primeiras classificadas no meio de centenas de concorrentes.

Foi a partir do VII FIC que Raul Seixas, intérprete de Let me sing, let me sing, despontou e explodiu em sua carreira artística.(...)

Avisos aos navegantes: a presente entrevista, feita a partir de 27 de fevereiro de 2000, na casa da Lena Rios, na Rua Grabriel Ferreira, 1216, com a participação do poeta Chico Castro, tinha como objetivo colher informações sobre o poeta Torquato Neto para a edição do meu livro Torquato Neto ou a Carne Seca É Servida, que saiu em 2001, pelo Instituto José Eduardo Pereira.

Mas, à medida que a Lena Rios começou a falar, percebi que ela tinha uma história própria e que, diante da sua importância para as letras e as artes e as artemanhas da cultura brasileira, merecia ter os registros dos fatos e dos acontecimentos de sua marcante vida em livro só seu. Assim nasceu Lena Rios: Eu sou eu, Nicurí é o Diabo _ na Chapada do Corisco, em lembrança aos amigos Raul Seixas e Torquato Neto.

Da entrevista com a Lena Rios, das pesquisas e conversas com músicos, compositores, intérpretes, poetas, pesquisadores e interessados outros, nasceu a idéia de fazer dois livros: 1) Dicionário da Música do Piauí e 2) a Música popular no Piauí, da década de 60 aos nossos dias. Ambos a sair em breve. Espero que este livrinho seja recebido com o olhar do coração de vocês. Foi o que pude fazer, em colaboração com o poeta Chico Carlos, que fica insento de qualquer culpa, pois a redação final coube a mim.

16 de agosto de 2009, Aniversário de Teresina e da Lena Rios, até nisso privilegiad